O mercado imobiliário brasileiro começa a ceder após o bom resultado dos últimos anos. E o Distrito Federal, sempre imune às turbulências, dá sinais de que também sente os efeitos de uma crise e não é mais o oásis do setor.
A valorização dos imóveis em Brasília continua avançando na casa dos dois dígitos, mas já cresce abaixo da média nacional e de quatro das sete capitais pesquisadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Entre agosto de 2010 e o mesmo mês de 2011, os preços de apartamentos e casas subiram, em média, 21,2%, metade do percentual registrado no Rio de Janeiro no mesmo período. Maior apenas do que em Fortaleza e Salvador.
Com base nos números da Fipe, o Correio dividiu o DF em 47 localidades, levando em conta a diferença de preços entre casas e apartamentos e setores de uma mesma região administrativa.
Com base nos números da Fipe, o Correio dividiu o DF em 47 localidades, levando em conta a diferença de preços entre casas e apartamentos e setores de uma mesma região administrativa.
Em 25 pontos pesquisados, a valorização supera a média do DF, sendo que 17 apresentaram um incremento acima da média nacional.
Em outras 14 regiões, os preços aumentaram nos últimos 12 meses, mas em ritmo inferior à média da capital. E, contrariando o passado recente, os preços caíram em oito áreas e colocaram à prova o superaquecimento do mercado. Imóveis do Lago Sul, do Guará — com exceção dos apartamentos do Guará II — e do novo bairro Park Sul, por exemplo, registraram retração no período pesquisado.
Hoje, o preço do metro quadrado custa no DF entre R$ 1.054 e R$ 9.649, uma variação de 815%.
Hoje, o preço do metro quadrado custa no DF entre R$ 1.054 e R$ 9.649, uma variação de 815%.
Em 11 localidades — o equivalente a quase um quarto do total —, ultrapassa os R$ 5 mil. O mais caro é cobrado no futuro Setor Noroeste (R$ 9.649), seguido do Sudoeste (R$ 8.757) e das asas Sul (R$ 8.349) e Norte (R$ 7.999). Valores nas alturas também são encontrados na Octogonal (R$ 7.862), no Centro de Atividades do Lago Norte (R$ 7.562) e no Park Sul (R$ 7.393), apesar de os preços terem recuado 1,4% neste último local.
O trânsito intenso próximo aos edifícios em construção, às margens da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), ajuda a explicar a inesperada queda no valor dos imóveis luxuosos.
Menos de R$ 2 mil
Na outra ponta, o levantamento mostra nove lugares onde o metro quadrado custa menos do que R$ 2 mil. Com uma desvalorização de 48% em um ano, as casas do Recanto das Emas são as mais baratas do DF (R$ 1.054 o metro quadrado). Ocupam ainda a parte de baixo do ranking o Setor Tradicional de Planaltina (R$ 1.103) e os apartamentos do Núcleo Bandeirante (R$ 1.132). A desvalorização das residências em áreas em que houve um boom de condomínios é normal, na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Júlio César Peres. “Há uma tendência de migração. Como mais casas ficam disponíveis, a oferta aumenta e o preço cai”, explica.
Os representantes do mercado tentam demonstrar naturalidade diante dos números da Fipe. Empresários do setor rechaçam qualquer possibilidade de estagnação nos valores e sustentam o discurso de que os imóveis ainda são a melhor opção de investimento. A desaceleração ou mesmo o recuo de preços não inibem, segundo eles, o cenário de aquecimento. “Claro que ao longo do tempo a demanda por habitação vai sendo suprida. É natural que haja um processo de acomodação, mas a valorização continua”, afirma o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi-DF), Adalberto Valadão.
Para o pesquisador da Fipe Eduardo Zylberstajn, a variação de preços na capital do país reflete uma tendência natural de mercado. “As regiões do DF se comportam de maneira bem heterogênea. Se os valores já subiram muito em determinado local, pode-se esperar desaceleração”, diz. O Lago Sul ilustra o comentário do pesquisador. Em agosto de 2010, o metro quadrado na área mais nobre do DF valia R$ 4.069. Um ano depois, o preço recuou 6,4%, chegando a R$ 3.809. Na península norte, o valor dos imóveis do Centro de Atividades não deve mais crescer tanto. O metro quadrado saiu de R$ 7.087 para R$ 7.562 no mesmo intervalo de tempo, variação positiva de 6,7%, bem abaixo do observado em anos anteriores.
Valadão, da Ademi-DF, reforça que as oscilações do custo do metro quadrado estão em consonância com a lógica de mercado. “O esperado é a grande valorização de imóveis menores e de menor preço. Em contrapartida, a tendência é de alta menos acentuada em áreas mais nobres, como o Noroeste”, compara. De fato, há mais investidores interessados nos apartamentos de um e dois quartos. Como consequência, a demanda por esse tipo de imóvel é maior, o que inflaciona os preços. “O imóvel menor tem melhor liquidez de aluguel. Os maiores, de três e quatro quartos, são comprados geralmente por quem pretende morar”, acrescenta o presidente do Sinduscon-DF, Júlio César Peres.
Infraestrutura
Em junho deste ano, o Correio mostrou que o Noroeste cresce em dois ritmos. Enquanto as empreiteiras erguem esqueletos às pressas, as obras de infraestrutura do governo engatinham.
Menos de R$ 2 mil
Na outra ponta, o levantamento mostra nove lugares onde o metro quadrado custa menos do que R$ 2 mil. Com uma desvalorização de 48% em um ano, as casas do Recanto das Emas são as mais baratas do DF (R$ 1.054 o metro quadrado). Ocupam ainda a parte de baixo do ranking o Setor Tradicional de Planaltina (R$ 1.103) e os apartamentos do Núcleo Bandeirante (R$ 1.132). A desvalorização das residências em áreas em que houve um boom de condomínios é normal, na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Júlio César Peres. “Há uma tendência de migração. Como mais casas ficam disponíveis, a oferta aumenta e o preço cai”, explica.
Os representantes do mercado tentam demonstrar naturalidade diante dos números da Fipe. Empresários do setor rechaçam qualquer possibilidade de estagnação nos valores e sustentam o discurso de que os imóveis ainda são a melhor opção de investimento. A desaceleração ou mesmo o recuo de preços não inibem, segundo eles, o cenário de aquecimento. “Claro que ao longo do tempo a demanda por habitação vai sendo suprida. É natural que haja um processo de acomodação, mas a valorização continua”, afirma o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi-DF), Adalberto Valadão.
Para o pesquisador da Fipe Eduardo Zylberstajn, a variação de preços na capital do país reflete uma tendência natural de mercado. “As regiões do DF se comportam de maneira bem heterogênea. Se os valores já subiram muito em determinado local, pode-se esperar desaceleração”, diz. O Lago Sul ilustra o comentário do pesquisador. Em agosto de 2010, o metro quadrado na área mais nobre do DF valia R$ 4.069. Um ano depois, o preço recuou 6,4%, chegando a R$ 3.809. Na península norte, o valor dos imóveis do Centro de Atividades não deve mais crescer tanto. O metro quadrado saiu de R$ 7.087 para R$ 7.562 no mesmo intervalo de tempo, variação positiva de 6,7%, bem abaixo do observado em anos anteriores.
Valadão, da Ademi-DF, reforça que as oscilações do custo do metro quadrado estão em consonância com a lógica de mercado. “O esperado é a grande valorização de imóveis menores e de menor preço. Em contrapartida, a tendência é de alta menos acentuada em áreas mais nobres, como o Noroeste”, compara. De fato, há mais investidores interessados nos apartamentos de um e dois quartos. Como consequência, a demanda por esse tipo de imóvel é maior, o que inflaciona os preços. “O imóvel menor tem melhor liquidez de aluguel. Os maiores, de três e quatro quartos, são comprados geralmente por quem pretende morar”, acrescenta o presidente do Sinduscon-DF, Júlio César Peres.
Infraestrutura
Em junho deste ano, o Correio mostrou que o Noroeste cresce em dois ritmos. Enquanto as empreiteiras erguem esqueletos às pressas, as obras de infraestrutura do governo engatinham.
A preocupação é que, assim como ocorreu no Sudoeste, os primeiros empreendimentos fiquem prontos — no segundo semestre de 2012 — e os compradores não encontrem condições adequadas para morar.
FONTE:
Diego Amorim - Correio Braziliense
Mariana Branco - Correio Braziliense
Publicação: 09/09/2011
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