Construção fast-food
Empresa chinesa coloca de pé um prédio de 30 andares em apenas 15 dias e inaugura uma nova era no setor de engenharia civil. Saiba como ela conseguiu esse feito.
Por Carlos Eduardo VALIM
O tempo é relativo. Duas semanas é o intervalo necessário entre a concepção e o nascimento de um pequeno roedor. Ou para completar todas as disputas esportivas de uma edição de Jogos Olímpicos. Mas, por qualquer conta que se faça, trata-se de um período ínfimo quando o assunto é construção civil. Na virada de 2011, a chinesa Broad Sustainable Building derrubou esse mito ao colocar de pé, em apenas 15 dias, um prédio de 30 andares com 110 metros de altura. Situado na província de Hunan, no centro-sul da China, o edifício batizado de T30 abrigará um hotel cinco-estrelas com a bandeira Ark Hotel.
A conclusão em prazo tão exíguo se deve ao modelo construtivo que em muito se assemelha ao das cadeias de fast-food. Todos os ingredientes – no caso, estruturas metálicas, paredes e janelas – são pré-fabricados pelo grupo Broad. Com isso, os blocos de concreto já chegaram ao canteiro de obras com as instalações hidráulicas e elétricas integradas à sua estrutura. Coube ao time final somente unir as partes e fazer as conexões. Foi exatamente essa etapa que foi concluída em duas semanas. Isso, porém, não tira o brilho do empreendimento nem torna a obra menos complexa.
Até porque a edificação possui um elevado nível de sofisticação, pois seguiu as regras das construções sustentáveis. Segundo a Broad, o empreendimento é cinco vezes mais eficiente energeticamente que um prédio convencional erguido naquele país. As janelas isolam o calor dos quartos, melhorando o desempenho do sistema de ar condicionado. O ar interno também seria 20 vezes mais puro que o externo por causa de um sistema de filtragem tripla. Dois motivos explicam o porquê de tanto cuidado com as condições ambientais. Um deles é o alto índice de poluição nas grandes cidades chinesas.
O construtor: Zhang Yue, dono do grupo Broad, entrou no negócio de engenharia há apenas três anos.
O outro diz respeito às origens da própria construtora. O grupo Broad, controlado pelo bilionário Zhang Yue, entrou no negócio de engenharia há três anos. No entanto, já possui uma longa trajetória na produção de equipamentos de ar condicionado, que são exportados para 60 países. Sua primeira empreitada na construção foi em 2010, quando a Broad finalizou um prédio de 15 andares em seis dias. Um feito que foi usado como exemplo por Felipe Calderón, presidente do México e anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Cancún no início de 2011.
“Trata-se de uma revolução para o setor de habitação e arquitetura.” Um dos detalhes mais significativos em relação ao edifício foi o custo de construção: US$ 1,1 mil por m². Apenas para efeito de comparação, a Freedom Tower, que está sendo erguida no lugar do World Trade Center, de Nova York, deverá ter custo final de US$ 12 mil por m². O sucesso está fazendo com que Yue sonhe alto. A meta da Broad é construir uma megatorre de 666 metros de altura, usando a mesma técnica de produção rápida e econômica.
Com isso, ele espera ampliar sua musculatura em um dos setores que mais crescem no país asiático. No ano passado, foi iniciada a construção de nada menos que 200 edifícios com mais de 150 metros de altura na China. Caso esse ritmo seja mantido, as metrópoles chinesas deverão contar com mais de 800 arranha-céus em 2016. Os Estados Unidos, que abriram a safra mundial de megaedificações com o Empire State Building, na década de 1930, possuem 200 grandes prédios.
FONTE: IstoÉ Dinheiro - 13/01/2012
Um vídeo mostra a evolução da obra em time-lapse. Segundo a construtora, a estrutura é capaz de resistir a um terremoto de magnitude 9 - cerca de cinco vezes mais resistente que prédios comuns.
http://youtu.be/Hdpf-MQM9vY
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