quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CONFINS - AEROTROPOLIS


Região Central sonha com AerotrópolisProjeto em torno do aeroporto deve atrair empresas de tecnologia para a região. Desafio é levar desenvolvimento da capital para o interior

 (Mário Castello)


A economia de Minas Gerais, famosa pelas riquezas de seu subsolo, agora sonha com riquezas que podem chegar pelo ar. 
Esse desejo está materializado no projeto do Vetor Norte, estruturado em torno do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. 

"O Vetor Norte tem potencial para gerar, dentro de 20 anos, o equivalente a toda a riqueza produzida em Minas", diz Luiz Antônio Athayde Vasconcelos, subsecretário de Investimentos Estratégicos do Estado. 

O projeto é inspirado em experiências de cidades como Singapura, Hong Kong, Frankfurt e Miami, onde aeroportos são uma das vias principais do trânsito de bens e serviços. Belo Horizonte tem tudo para abrigar um projeto como esse: espaço para implantação das empresas, infraestrutura urbana desenvolvida, posição geográfica privilegiada, proximidade de polos tecnológicos e universitários. O plano do governo é estruturar em volta do aeroporto um cinturão de empresas de primeira classe, cujos produtos sejam tão valiosos que possam ir e vir de avião.

As candidatas a ocupar esse espaço são empresas de setores com alto índice de tecnologia embarcada, como a indústria aerospacial e de defesa, e aquelas ligadas às chamadas ciências da vida: nanotecnologia, biotecnologia, equipamentos médicos, produtos farmacêuticos, softwares, componentes eletrônicos. Centros de serviços especializados, como os de diagnósticos médicos por imagem computadorizada, que podem atrair pacientes endinheirados do mundo todo, também estão no radar da área de planejamento do governo. 
Outras atividades, ligadas à logística e à distribuição, viriam naturalmente para a região e, espera-se, acompanhando as empresas crescerá o turismo de negócios — por isso, o Vetor Norte deverá ganhar 15 grandes hotéis. Os investimentos previstos para realizar essa aerotrópolis, que abarcará 13 municípios, entre eles Betim, Contagem, Lagoa Santa, Confins e Pedro Leopoldo, serão de cerca de US$ 22 bilhões, segundo o estudo feito pela empresa de consultoria Jurong, de Cingapura, por encomenda do governo de Minas.

O projeto do Vetor Norte reforça o papel de Belo Horizonte e da Região Metropolitana como a área que concentra a maior parte da atividade econômica e, portanto, da riqueza, na região Central – 72,5% dos R$ 79,9 bilhões que a região gera por ano
O cinturão industrial em seu entorno, incluindo os municípios de Contagem e Betim, concentrado na indústria automotiva e no refino de petróleo, é um dos mais importantes do país. Também se concentram nas proximidades de Belo Horizonte as áreas de mineração que até 2015 deverão absorver 33,4% dos investimentos da atividade no Brasil – uma bolada de R$ 55 bilhões, segundo dados da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). 
Essa riqueza concentrada em torno de BH é o retrato do desafio da economia da região Central. “O processo de desenvolvimento a Região Central não é homogêneo”, observa Flávia Chein, professora adjunta do departamento de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Uma realidade diferente se encontra a 303 quilômetros da capital, em Morada Nova de Minas, no vale do rio São Francisco. O município repousa sobre uma jazida de gás natural. Sua exploração, porém, depende de outras iniciativas – como a de trazer para a região projetos de instalação de termelétricas a gás. A esperança de que isso ocorra em breve alimenta sonhos e investimentos mais modestos, como os da empresária Tânia Maria Pereira Valadares Dorneles, dona do posto São João Bosco e de duas pousadas. “No posto, já oferecemos quartos. Faremos mais 12 suítes, sete lojas e vamos ampliar a borracharia. Antes do gás a gente já tinha essa vontade. Agora, com a perspectiva de exploração, queremos sair na frente da concorrência”, diz ela.

No outro extremo da Região Central, a expectativa se concentra na possibilidade de explorar outras riquezas de Minas – a cultura, a história, a arte, a culinária. Exemplo disso se vê em São João Del Rei, onde a indústria local de peças de estanho quer obter, do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a indicação oficial de procedência dos seus produtos. A ideia é criar um selo para as peças artesanais fabricadas na região. “Isso nos garantirá uma indicação geográfica com o mesmo valor de produtos como vinho Bourdeaux ou presunto di Parma”, explica Antônio Batista da Silva, sócio da Faeman, que produz peças em estanho e tem como carro-chefe a linha litúrgica.

Em Tiradentes, os festivais de Gastronomia (setembro) e de Cinema (última semana de janeiro) atraem até 60 mil visitantes para a cidade, que tem 7 mil habitantes. Eles movimentam não só hotéis e restaurantes, mas uma indústria sem fumaça que vai desde a produção de estanho à fabricação de móveis, passando pela arte dos santeiros, pelo artesanato e pela tecelagem. Animada com esse burburinho, a economia de municípios como Prados (esculturas em madeira), Lagoa Dourada (móveis), Rezende Costa (tecelagem), Lagoa Dourada (móveis e rocambole), Bichinho (artesanato), entre outros, prospera. “De Santa Cruz de Minas até Tiradentes é só loja. O comércio aqui cresceu muito”, diz o prefeito de Tiradentes, Nílzio Barbosa.

FONTE: 
Jornal Estado de Minas - Publicação: 21/09/2011 14:24 Atualização: 21/09/2011 16:20
Zulmira Furbino -

Um comentário:

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